O Programa de Certificação de Cápsula atesta a intensidade da bebida que é o grau de persistência do aftertaste (retrogosto), utilizando uma metodologia de avaliação sensorial desenvolvida pela ABIC, numa escala de 0 a 10 (do mais suave ao mais forte), e serve de orientação ao consumidor. Ao mesmo tempo, o programa oferece ao industrial uma avaliação global do seu produto, como as características da crema (cor, brilho, persistência, consistência), os atributos da bebida, como amargor, adstringência, corpo e sabor, características físicas, como peso do café, ponto de torra, granulometria entre outros.
Histórico
O consumo de café em cápsula tem crescido continuamente em todo o mundo e também no Brasil. Praticidade, conveniência e alta qualidade explicam o sucesso dessas monodoses e seu alto valor agregado. Atenta ao desenvolvimento vertiginoso que vem tendo este segmento no país, a ABIC desenvolveu, em 2016, um programa de certificação com metodologia específica para avaliação do café em cápsula.
Para a entidade, o crescimento desse segmento de mercado poderá gerar boas oportunidades de negócios a inúmeras empresas de todos os portes; entretanto, é preciso auxiliar e apoiar o industrial no conhecimento dos atributos de qualidade de café em cápsula, a fim de que ofereça aos consumidores qualidades diferenciadas.
Com esse programa de Certificação de Café em Cápsulas a ABIC pretende oferecer ao industrial uma avaliação global do seu produto, como as características da crema (cor, brilho, persistência, consistência), os atributos da bebida, como amargor, adstringência, corpo e sabor, e a intensidade da bebida, que é o grau de persistência do aftertaste (retrogosto), avaliado em uma escala de 0 a 10 (do mais suave ao mais forte). Além da avaliação das características físicas, como peso do café, ponto de torra, granulometria e espessura da crema, entre outros.
Ao consumidor a certificação permite uma melhor identificação da intensidade do produto e auxilia na escolha o sabor que mais lhe agrada.
Como Funciona
Na certificação de cápsula, além da segmentação das categorias Extraforte, Tradicional, Superior e Gourmet, os cafés são classificados quanto a intensidade. A informação da categoria e da intensidade está impressa na embalagem do produto servindo de orientação ao consumidor
O programa é por adesão e, após avaliação do produto, será autorizado o direito de uso do Selo de Certificação ABIC para Café em Cápsula.
A certificação em cápsula possui um custo individual por análise. A empresa deverá preencher a ficha técnica do produto através do Portal do Associado e encaminhar o mínimo de 20 cápsulas para ser analisada. Caso o envase seja realizado por uma empresa terceirizada, esta também deverá ser associada a ABIC.
A metodologia para avaliação das características da bebida de café em cápsulas foi desenvolvida, entre 2015 e 2016, num trabalho conjunto do Grupo de Avaliação do Café – GAC, do Instituto de Tecnologia de Alimentos – ITAL e do Lab. Carvalhaes, que são laboratórios credenciados pela ABIC para análise de café.
A avaliação das cápsulas se baseia no uso da análise sensorial para o café, hoje largamente difundida em todo o mundo. No Brasil, essa avaliação é a base do Programa de Qualidade do Café – PQC, da ABIC.
A avaliação global do produto analisa os seguintes atributos:
Atributo | Definição |
Fragrância | Percepção olfativa causada pelos gases liberados do café torrado e moído, conforme a inalação dos compostos aromáticos. A intensidade da fragrância revela o frescor da amostra. |
Intensidade da cor da Crema | Associado à cor da crema, quanto mais clara é a crema menos intensidade e quanto mais escura, mais intenso. |
Consistência / Persistência | Associado à consistência da crema, quanto menos consistente e persistente a crema mais rápido ela dissipa deixando a bebida visível, quanto mais consistente e persistente a crema, mais tempo permanecerá na xícara, e a bebida não ficará visível. |
Brilho da Crema | Associado à qualidade da crema, quanto maior o tamanho das bolhas, mais rugoso, pouco brilho e opaco é crema. Muito brilho, indica que mais liso, brilhante e homogênea é a emulsão e as bolhas são menores e uniforme |
Aroma da bebida | Percepção olfativa causada pelos voláteis liberados da bebida ainda quente. |
Defeito | Defeitos associados à colheita e pós-colheita, como odor e sabor de terra, mofo, fermentado, associados à estocagem como velho, amadeirado, palha. Defeitos associados à torra, como verde, cozido, chamuscado, queimado e associados à estocagem após a torra como rançoso, oxidado, insípido. Café com excelente qualidade é aquele isento de defeitos. |
Acidez | Percepção causada por substâncias como ácido cítrico, málico, tartárico, acético, que produzem gosto ácido. Quando é natural e desejável é chamado de ácido e quando natural e indesejável é chamado azedo. |
Amargor | Percepção de gosto causada por substâncias como cafeína, trigonelina, ácidos cafêico e quínico e outros compostos que produzem o gosto amargo. |
Sabor | Sensação causada pelos compostos químicos da bebida do café quando introduzida na boca. |
Sabor Residual | Persistência da sensação de sabor após a ingestão da bebida de café. |
Corpo | Percepção táctil de oleosidade, viscosidade na boca. |
Adstringência | É a sensação de secura na boca deixada após a sua ingestão. |
Qualidade Global | Percepção conjunta dos aromas da bebida e de seu grau de intensidade (sendo que quanto mais aromático, melhor a qualidade do café); dos sabores característicos do café; de um amargor típico mas não o resultante da excessiva torra do grão (ou carbonização); da presença não preponderante do sabor de defeitos de sabor e dos grãos defeituosos (verdes escuros, pretos, ardidos) ou de sua inexistência do sabor característico de grãos fermentados, podres ou preto-verdes; do equilíbrio e da harmonia da bebida, tudo se traduzindo numa sensação agradável durante e após a degustação. |
Intensidade | Percepção de persistência de sabor agradável na boca, quanto mais persistente o sabor do café mais intenso será a bebida. |
Tipo de Café | Participação de cada sabor peculiar de cada tipo de café no sabor final da bebida. Não exprime necessariamente o porcentual físico de cada tipo de café na bebida e sim o sabor predominante. Caso o café possua sabor predominantemente arábica e um fundo de sabor de conilon, este será caracterizado como predominantemente arábica. Caso o café possua sabor predominantemente conilon e um fundo de arábica, este será considerado predominantemente conilon. |
Bebida | Percepção de aroma e sabor característicos da bebida de café. |